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INSS aponta que 4,1 milhões de beneficiários podem ter sofrido descontos indevidos
Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) indicam que cerca de 4,1 milhões de aposentados e pensionistas podem ter sido alvo de descontos não autorizados em seus benefícios. O número corresponde aos beneficiários que mantêm contratos associativos ativos com as 11 entidades atualmente sob investigação por suspeita de fraude.
O total exato de atingidos, no entanto, só será confirmado após a conclusão das apurações.
Um levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que 97,6% dos beneficiários entrevistados negaram ter autorizado os descontos mensais aplicados diretamente em seus contracheques.
Reunião discute plano de ressarcimento às vítimas
Nesta sexta-feira (2), o novo presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, participa de uma reunião com o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, para iniciar a definição do plano de ressarcimento às vítimas do esquema.
O encontro será realizado na sede da Advocacia-Geral da União (AGU), em Brasília, e deve contar também com a presença de representantes da Dataprev, estatal responsável pela gestão de dados da Previdência Social.

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Reunião acontece dois dias após Lula prometer ressarcimento a vítimas de descontos irregulares
O encontro ocorre dois dias depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmar, em pronunciamento em rede nacional, que o governo irá assegurar a devolução dos valores cobrados indevidamente de aposentados e pensionistas.
“Determinei à Advocacia-Geral da União que processe as associações responsáveis pelas cobranças ilegais e que elas sejam obrigadas a ressarcir os cidadãos lesados”, declarou o presidente na ocasião.
Fraude bilionária em benefícios do INSS
Na semana passada, a Polícia Federal revelou um esquema bilionário de fraudes envolvendo aposentadorias e pensões. De acordo com as investigações, associações de aposentados cadastravam beneficiários sem autorização — muitas vezes utilizando assinaturas falsificadas — e aplicavam descontos diretamente nos contracheques.
O prejuízo estimado é de R$ 6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024. O INSS tinha acordos de cooperação técnica com 39 entidades, que registraram cerca de 6,6 milhões de beneficiários. Irregularidades foram identificadas, até o momento, em 11 dessas associações.
Exoneração e prisões
Com o avanço das investigações, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado. A operação também resultou no afastamento de servidores e na prisão de seis pessoas ligadas às entidades investigadas.
Entre os detidos está Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como lobista do esquema. Segundo a Polícia Federal, ele atuava na intermediação dos repasses ilegais e na lavagem de dinheiro por meio de empresas associadas ao grupo.